sábado, agosto 19, 2006

Nos sítios onde todos se conhecem...


Pequena história para relembrar que não é só Beja que é uma cidade estranha...


Todos sabemos que pertencemos aquele género de cidade que para os seus habitantes é uma cidade, mas que para os de fora é sempre mais pequena e desinteressante que a sua, e para os espanhóis ‘un pueblo’!

E neste tipo de cidade há um fenómeno, que, possivelmente, remontará aos seus tempos de vila, e que a distingue pela positiva. É esse o fenómeno Alcunha. E este fenómeno é bastante interessante e imprime sempre um toque “caseiro” à cidade que, normalmente, é fria e impessoal. Isso graças à massa humana que, apesar de muito próxima, tende a renunciar a uma alma grupal de união, entreajuda e crescimento mútuo. Mas como Beja há outras e, neste caso vou referir-me a Elvas (garantido que há já uma situação parecida aqui na nossa, não se vá sentir atrás, um bejense susceptível!).

Em Elvas há um Sr., o Chico, que casou com uma chinesa. A sua história de amor terá pouca relevância para o caso, e o que é certo é que de imediato ele passou a ser o Chico Chinês. Mas as gentes do Alentejo são conhecidas pela hospitalidade e, como tal, a Sr.ª foi muito bem recebida. Nunca ninguém se atreveu a tentar dar-lhe um nome depreciativo “olha a dos olhos em bico” ou “chinesa!”, isso não, nem pensar…! Que culpa tem a senhora de não ter nascido aqui! É no Alentejo que reside a sua paixão, por isso há que trata-la como deve de ser e para não ferir susceptibilidades é trata-la com respeito… a Sr.ª é a Esposa do Chico Chinês!

P.S. - Posso garantir que um fenómeno parecido se passa em Beja com o Sr. que alugou uma loja sua a um Chinês... deve ser o Zé Chinês (e por acaso o Sr. que a alugou é o único chinês da cidade que não é chinês, mas que lhe chamam chinês por se ter casado com uma chinesa!)

9 comentários:

Anónimo disse...

Enquanto as alcunhas forem desse tipo não tem problema n é?
Se bem que por mais que tente não encontro justificação para a necessidade de etiquetar as pessoas.
Ainda bem que voltaste :)

RCataluna disse...

Concordo com a Mad! Se bem que, por vezes, até existem alcunhas engraçadas...

Fizeste-me lembrar um livro sobre alcunhas alentejanas, editado pela Colibri. Ainda vou ver se o arranjo.

Boa semana! Um beijinho pra ti e um abraço ao André!

13a... disse...

Obrigada pelos comentários e a título de curiosidade revelo a alcunha anterior do Sr. aqui de Beja que alugou a loja ao chineses 'Bufa', recordo que agora é o Zé Chinês!!

Abade.anacleto disse...

Mais uma vez gostei muito do que li. A alcunha é quase uma instituição no Alentejo. É engraçado, desde que (como em tudo) se respeitem os limites.A Mad tem razão quando refere na não-necessidade de rotular as pessoas. No entanto, eu diria que a alcunha é mesmo uma questão cultural no Alentejo. Se formos para os meios rurais então nem se fala (risos).
Uma boa semana.

Anónimo disse...

Abade, sem dúvida nenhuma que assim é. Faz parte da nossa cultura. Mas o meio urbano é muito diferente do rural. Enquanto nas freguesias rurais do Alentejo existe a pureza das expressões no meio urbano existe na maior parte das vezes e maldade e a necessidade de rebaixar os outros, por vezes utilizando o calcanhar de Aquiles das pessoas.

Abade.anacleto disse...

Concordo em absoluto contigo Mad, mas não penso que seja propriamente uma questão de meio urbano e sim de algumas pessoas(?) que rastejam no meio urbano e cuja única preocupação é não deixar que os outros sigam em frente e colmatar os seus sentimentos de inferioridade tentando superiorizar-se com o que de pior existe neles mesmos. Quem é pessoa não agride gratuitamente.

Anónimo disse...

Abade Anacleto, mai nada :)

Mpalma disse...

É a realidade...
Como somos pequeninos... :\

13a... disse...

_m0nd_

Permite-me que discorde... nós vivemos numa cidade pequena, mas não temos nada de pequeninos, todos nós revelamos na escritas preocupações de gente grande, grande no ser, grande no espirito!

Abade.anacleto

Obrigada pelos elogios, são positivos p uma principiante e a si e á Mad, obrigada pelo interesse e pela participação activa. É no mínimo lisonjeiro!!